Engana-se muito quem acha que é necessário toda uma infraestrutura dedicada para programação Java. A cultura atual para programação com esta linguagem, bem como C# é que é necessário todo um ambiente de IDE para trabalhar com ela.
Eu não vou negar, utilizar um IntelliJ junto com o Java é muito bom! Porém, eu acredito firmemente que é possível sim trabalhar com esta linguagem utilizando um simples editor de texto como o neovim.
Mas cara, porque não utilizar plugins para ativar modo neovim no intellij?
Eu já testei estes plugins em editores de código e IDE's com GUI's poderosas e várias opções, porém o que me decepciona neles são os mapeamentos padrão das IDE's. Para utilizar todo o poder da IDE, é necessário configurar todos os mapeamentos padrão para trabalhar junto com o neovim, fora também as features que não são cobertas pelo mapeamento padrão.
Como gosto muito do neovim, decidi configurá-lo melhor para que atenda a necessidade de utilizar ele para programar Java.
O que você vai precisar
- Neovim 0.7+
- jdtls (language server padrão do Eclipse)
Instalando os plugins
Para começar, primeiro de tudo é necessário instalar o Packer. Eu utilizo Lua na maior parte da minha configuração:
git clone --depth 1 https://github.com/wbthomason/packer.nvim\
~/.local/share/nvim/site/pack/packer/start/packer.nvim
Com o Packer instalado, vamos instalar primeiramente os plugins. Na minha configuração eu crio um arquivo lua/plugins.lua
e executo ele no meu init.lua
:
require("plugins")
No arquivo plugins.lua
, vou instanciar o Packer e colocar todas as declarações necessárias de plugins para a configuração do lsp para o java.
-- instancia o Packer
local status, packer = pcall(require, "packer")
if (not status) then
print("Packer is not installed")
return
end
vim.cmd [[packadd packer.nvim]]
-- aqui eu declaro todos os meus plugins
packer.startup(function(use)
use 'wbthomason/packer.nvim' -- necessário
use 'nvim-treesitter/nvim-treesitter' -- syntax highlighting
use 'neovim/nvim-lspconfig' -- provê configurações padrão de lsp
use 'hrsh7th/cmp-nvim-lsp' -- auto complete
use 'hrsh7th/nvim-cmp' -- auto complete
use 'hrsh7th/cmp-buffer' -- auto complete
use 'L3MON4D3/LuaSnip' -- provê snippets
use 'onsails/lspkind.nvim' -- provê ícones para o lsp
use 'mfussenegger/nvim-jdtls' -- plugin com todas as features do jdtls
end)
Ok! Feita esta declaração, basta salvar o arquivo, reiniciar o neovim e rodar o comando :PackerSync
. Ele vai instalar e compilar os plugins declarados.
Configurando o neovim
A próxima parte é configurar esses plugins para rodar de maneira correta.
Como o jdtls será necessário somente quando abrir um arquivo .java
, a recomendação é utilizar o FileType Plugin do neovim para isso.
Este plugin é nativo, então basta criar uma pasta de nome ftplugin
onde fica localizado seu init.lua
e dentro dele iremos criar o arquivo java.lua
:
$ mkdir ftplugin
$ cd ftplugin
$ touch java.lua
Abra esse arquivo e iremos iniciar a configuração.
A primeira coisa que iremos configurar são as fontes de autocomplete. Nesse caso, iremos apenas invocar as default capabilities do cmp_nvim_lsp
e do próprio lsp client do neovim.
Outra coisa importante é ativar o registro dinâmico de duas notificações: didChangeWatchedFiles
e didChangeConfiguration
.
local capabilities = require('cmp_nvim_lsp').default_capabilities(vim.lsp.protocol.make_client_capabilities())
capabilities.workspace = {
configuration = true,
didChangeWatchedFiles = {
dynamicRegistration = true
},
didChangeConfiguration = {
dynamicRegistration = true
}
}
A próxima coisa que iremos configurar é a feature de "format on save" e também os keymaps. Tudo isto é definido dentro da função on_attach.
local on_attach = function(client, bufnr)
-- Aqui define <Ctrl-x> + <Ctrl-o> para ativar o autocomplete, mas ele irá se ativar quando você digita também
vim.api.nvim_buf_set_option(bufnr, 'omnifunc', "v:lua.vim.lsp.omnifunc")
vim.api.nvim_create_autocmd("BufWritePre", {
group = vim.api.nvim_create_augroup('Format', { clear = true }),
buffer = bufnr,
callback = function()
vim.lsp.buf.format()
end
})
local bufopts = { noremap = true, silent = true, buffer = bufnr }
local opts = { noremap = true, silent = true }
vim.keymap.set('n', 'K', vim.lsp.buf.hover, bufopts)
vim.keymap.set('n', 'gd', vim.lsp.buf.definition, bufopts)
vim.keymap.set('n', 'gi', vim.lsp.buf.implementation, bufopts)
vim.keymap.set('n', 'gr', vim.lsp.buf.references, bufopts)
vim.keymap.set('n', 'gD', vim.lsp.buf.declaration, bufopts)
vim.keymap.set('n', '<space>K', vim.lsp.buf.signature_help, bufopts)
vim.keymap.set('n', 'gt', vim.lsp.buf.type_definition, bufopts)
vim.keymap.set('n', '<F2>', vim.lsp.buf.rename, bufopts)
vim.keymap.set('n', '<space>rn', vim.lsp.buf.rename, bufopts)
vim.keymap.set('n', '<space>ca', vim.lsp.buf.code_action, bufopts)
vim.keymap.set('n', '<space>f', vim.lsp.buf.format, bufopts)
vim.keymap.set('n', '<space>e', vim.diagnostic.open_float, opts)
vim.keymap.set('n', '[d', vim.diagnostic.goto_prev, opts)
vim.keymap.set('n', ']d', vim.diagnostic.goto_next, opts)
end
A próxima parte é definir configurações mais gerais do LSP.
local project_name = vim.fn.fnamemodify(vim.fn.getcwd(), ':p:h:t')
local workspace_dir = "/home/eronads/workspaces/" .. project_name
local config = {
flags = {
allow_incremental_sync = true
},
-- O comando para invocar o lsp. Eu recomendo seguir o caminho abaixo, através do executável em python
cmd = {
'/caminho/para/jdtls',
-- Na pasta do jdtls terá algumas pastas com configurações específicas do OS. Indique este caminho de acordo com seu OS
'-configuration', '/caminho/para/pasta-do-jtdls/config_SEU-OS',
-- Para cada projeto, o lsp cria uma pasta com um workspace. Aqui você irá indicar onde irão ficar essas pastas.
'-data', workspace_dir
},
-- A raiz do seu projeto
root_dir = require("jdtls.setup").find_root({ 'gradlew', '.git', 'mvnw' }),
on_attach = on_attach,
capabilities = capabilities,
-- Outras configurações, recomendável repetir
settings = {
java = {
signatureHelp = { enabled = true },
contentProvider = { preferred = 'fernflower' },
completion = {
-- Se precisar adicionar uma classe para import estático
favoriteStaticMembers = {
"org.hamcrest.MatcherAssert.assertThat",
"org.hamcrest.Matchers.*",
"org.hamcrest.CoreMatchers.*",
"org.junit.jupiter.api.Assertions.*",
"java.util.Objects.requireNonNull",
"java.util.Objects.requireNonNullElse",
"org.mockito.Mockito.*"
},
filteredTypes = {
"com.sun.*",
"io.micrometer.shaded.*",
"java.awt.*",
"jdk.*",
"sun.*",
},
},
sources = {
organizeImports = {
starThreshold = 9999,
staticStarThreshold = 9999,
},
},
codeGeneration = {
-- Instrução para geração de métodos populares
toString = {
template = "${object.className}{${member.name()}=${member.value}, ${otherMembers}}"
},
hashCodeEquals = {
useJava7Objects = true,
},
useBlocks = true,
},
configuration = {
-- Indique aqui as versões de java e as pastas onde se encontram
runtimes = {
{
name = "JavaSE-17",
path = "/caminho/para/pasta/do/java/17.0.7-tem/",
default = true
},
}
},
},
}
}
O restante da configuração contém o cmp, lspkind e a execução do lsp, que são padrão:
local cmp = require 'cmp';
local lspkind = require 'lspkind'
cmp.setup({
snippet = {
expand = function(args)
require('luasnip').lsp_expand(args.body)
end
},
mapping = cmp.mapping.preset.insert({
['C-Space'] = cmp.mapping.complete(),
['<CR>'] = cmp.mapping.confirm({ behavior = cmp.ConfirmBehavior.Replace, select = true }),
}),
sources = cmp.config.sources({
{ name = 'nvim_lsp' },
{ name = 'buffer' },
}),
formatting = {
format = lspkind.cmp_format({
mode = 'symbol', -- show only symbol annotations
maxwidth = 50, -- prevent the popup from showing more than provided characters (e.g 50 will not show more than 50 characters)
ellipsis_char = '...', -- when popup menu exceed maxwidth, the truncated part would show ellipsis_char instead (must define maxwidth first)
-- The function below will be called before any actual modifications from lspkind
-- so that you can provide more controls on popup customization. (See [#30](https://github.com/onsails/lspkind-nvim/pull/30))
before = function(entry, vim_item)
return vim_item
end
})
}
})
require('jdtls').start_or_attach(config)
Salve o arquivo. A partir daqui seu neovim já está configurado para Java.
Resultado Final
Iniciando o serviço:
Auto Complete funcionando:
Ele já vem com alguns snippets que facilitam criação de classes e interfaces:
Diagnósticos:
Code Actions (inclusive os queridinhos dos javeiros):
Configuração completa
A minha configuração completa está no github.
Além da configuração para Java, ele já está configurado para:
- Typescript;
- Javascript;
- Vue;
- React;
- Go;
- PHP.
Além disso, ele conta com alguns outros plugins que me atendem bem com uma configuração leve e essencial para a edição do dia-a-dia.
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