Na semana passada participei do ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) Summit 2024, o que foi uma experiência incrível! Com o slogan “Ponto de Inflexão — A Urgência da Nova Agenda Tecnológica”, o evento propôs uma reflexão sobre o papel do Brasil na transformação digital global. Entre os principais temas, regulamentações, a era da IA, a Geração T e ESG estiveram em destaque, trazendo discussões ricas e inspiradoras.
Principais insights
- Regulamentação Inteligente da IA: a regulamentação equilibrada e inteligente da IA foi um dos principais pontos discutidos, precisamos evitar a “ignorância artificial” e garantir que o desenvolvimento da IA seja ético e seguro. Há uma dificuldade em regular rigidamente uma tecnologia que tem atualizações instantâneas (sem limitar a inovação), precisamos contar com um "tripé" sendo o polo da inovação: colaboração entre academia, corporativo e o governo. A urgência em regulamentar a IA foi destacada, especialmente no caso das big techs, que têm impactos significativos e imediatos, exigindo regulamentações específicas e proativas.
- IA e Criatividade Humana: precisamos ter foco em como a IA pode fomentar a inovação ao invés de substituir a capacidade criativa. Uma questão super pertinente foi levantada: “Estamos usando IA para reduzir o trabalho ou para construir algo novo?” - sugerindo que devemos usar a IA para transformar áreas como educação e medicina por exemplo, muito se fala da não utilização da IA para "destruição", mas pouco sobre como promover novas possibilidades de criação e impacto positivo, ao invés de focar apenas em redução do trabalho.
- A “Human Agenda” e o Mundo VUCA: o evento trouxe o conceito de Human agenda, para enfrentar o mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), trazendo reflexões sobre a importância de priorizar o ser humano no desenvolvimento tecnológico. Questões sobre identidade digital, privacidade e a nossa relação com o “eu real” foram abordadas, já que nos encontramos em uma era em que a tecnologia conhece mais sobre nós do que nós mesmos - nesse ponto já entramos em identidade digital, o que vamos falar melhor num próximo tópico.
- A Identidade Digital e a Questão da Privacidade: a reflexão sobre a identidade digital como uma versão mais precisa do “eu real” trouxe questionamentos sobre privacidade e controle de dados. Em um contexto onde coletores de dados têm amplo acesso à nossa vida, é fundamental repensar o controle que temos sobre nossa própria identidade digital.
- A Era da Geração T e Reskilling: a transição para a sexta revolução industrial marca a entrada da “Geração T” (Geração da Transição), uma geração que enfrenta constantes mudanças tecnológicas e precisa se adaptar rapidamente a um cenário em transformação contínua. A velocidade das mudanças tecnológicas exige uma preocupação constante com a requalificação profissional, para preparar a força de trabalho para os novos desafios que surgem a cada dia. É necessário também construir um ambiente e uma cultura organizacional efetiva para que ambas as gerações - inclusas na geração T se sintam motivadas e pertencentes ao propósito em uma empresa, construindo assim também um ambiente diverso.
- Cultura Data-Driven e Predição: quão importante é desenvolver uma cultura data-driven? Decisões orientadas por dados e previsões se tornam mais precisas, por isso é a cultura data-driven é essencial. O evento trouxe um case super bacana de Agricultura Digital, citando o AgroPilot da Bayer em parceria com a Microsoft, uma iniciativa onde a tecnologia apoia os agricultores na otimização de processos, compartilhando riscos e recompensas, e ajudando na tomada de decisões mais assertivas, além de contarem com IA na predição de cenários -compartilhando riscos e aumentando a confiança na tecnologia.
- Inovação e o Protagonismo do Brasil: o Brasil precisa de ambição, recursos e execução para alcançar um papel de destaque em inovação tecnológica globalmente. Nós contamos com casos de sucesso como o Pix e o DREX (moeda digital do Banco Central), que são exemplos de avanços locais que impactam globalmente. Esses exemplos indicam o potencial do Brasil para inovar e liderar, com sugestões de expandir esses modelos para novas áreas, como saúde e educação.
- Investimento e Risco na Inovação: para que o Brasil se torne mais competitivo, é fundamental adotar uma abordagem estratégica e investir em grandes parceiros, focando em áreas com maior impacto e arriscando-se para não perder oportunidades. Nesse contexto, a mentalidade de “a gente não sabe de tudo”, mencionada no evento como uma filosofia adotada pelo Itaú, destaca a importância de uma postura aberta para aprendizado contínuo e adaptação.
- Sustentabilidade e ESG (Ambiental, Social e Governança): precisamos desenvolver soluções tecnológicas que tragam impacto positivo, investindo em deep tech e fortalecendo parcerias que maximizem o impacto sustentável. Já ouviu falar em SmartSampa? Também foi um dos cases levados para o evento, reforçando a necessidade de cidades cada vez mais inteligentes. Tecnologias que apoiem na segurança, saneamento básico, diminuição de pontos de alagamento e etc., reforçando que a inovação precisa ser prática e voltada para problemas cotidianos que impactam a vida nas cidades.
Por fim
O ABES Summit 2024 reforçou a necessidade de uma nova agenda tecnológica que coloque o Brasil em posição de liderança, e trouxe também discussões relevantes sobre inovação, regulamentação e a abordagem humana na tecnologia. Participar deste evento foi uma oportunidade única para refletir sobre o futuro do país no setor tecnológico e o papel de todos na construção de uma sociedade mais inovadora e sustentável.
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