Ei, que legal que animou ler este artigo, ficou um pouco grande, mas acho que vale muito a pena a leitura. Gostaria de te apresentar porque eu acho que precisamos estudar sempre e o quanto isso me faz bem.
Bem, minha origem é totalmente técnica, sou desenvolvedor e meu primeiro contato com a programação foi por volta dos 11 anos de idade quando através de uma escola de informática de bairro (Que nostalgia! Nem existe mais essa expressão "escola de informática". Você também fez informática básica I, II, III? Windows 95? risos), tive a oportunidade de aprender codificar meus primeiros programas utilizando Visual Basic. Aquilo era fantástico. Lembro-me de um programa que desenvolvi no curso que tinha um botão com o texto "Clique aqui" e quando o usuário movia o mouse para cima do botão, o mesmo desaparecia da tela para que o usuário não conseguisse clicar. Isso era muito divertido, me sentia um gênio por fazer aquilo (risos). Foi exatamente esse primeiro contato que me fez apaixonar por tecnologia, computadores e principalmente pela programação.
Profissionalmente, minha primeira linguagem de programação foi o COBOL (sim, isso mesmo que você leu!). Apesar de todas as críticas e preconceitos, os estereótipos, a verbosidade, sou muito grato por ter tido essa experiência. Todos os conceitos e aprendizado em desenvolvimento com o COBOL, me deram uma bagagem gigantesca de experiência que eu aplicaria em desafios que vivenciei com outras linguagens. Arquivos lógicos indexados, famosos VSAM (Virtual Storage Access Method, sabe o que é isso? risos), bloqueio de registro para um usuário, GO TO, sobreposição de tela do terminal com armazenamento do contexto anterior, mensagem com mudança de cor contextual do terminal, barra de progresso escrita "na unha" ponto a ponto da tela e tantas outras coisas que me bate até uma saudade, mas que já passou. (risos)
Já na faculdade, conheci um incrível e terrível mundo novo. Por uma parceria da faculdade com a Microsoft, a linguagem definida para os trabalhos práticos era o C# (Lê-se C sharp). Nova sintaxe, novos conceitos, novo jeito de programar, importação de namespaces, telas "reais" com botões, caixas de textos, imagens, nada de terminal, além de outras tantas coisas. Foi também meu primeiro contato com o tal "OO". Puxa vida, que mundo de informação! Pensei que nunca fosse capaz de conseguir entender isso: Método Main, estático, instância, objeto, herança, polimorfismo, composição, passagem por valor, por referência, privado, protegido, público, interface, classe, atributos, eventos... Cansa né?! Nem comecei falar dos objetos em si, listas, filas, pilhas, FIFO, LIFO, array, índice, chave-valor, hash, map, nossa era muita coisa para quem estava migrando de uma linguagem como COBOL, "velha" e FLAT, ou seja, os tipos eram numéricos, caracteres e estruturas, fim. Muito mais fácil, né?!
Passei! Estudei muito e aprendi, gostei tanto que fui monitor em AED(Algoritmos e Estrutura de Dados), acredita? Que desenhava no quadro e tudo para galera entender. Quando achei que estava "dominando" o jeito moderno de programar, BOOOM! Fui apresentado ao HTML, CSS, JavaScript, JSON e ao famigerado JQuery. Para programar "a Web", você precisa saber mais um turbilhão de informação: Protocolo HTTP, modelo cliente servidor, Request, Response, backend, frontend... 😱 Ichhhh, nem vou tentar citar. Nossa, foram dias estudando isso!
Bem, apesar de vários novos conceitos, senti que eu estava aprendendo mais rápido e me perguntei, por que? Nessa época, eu não entendia como conceitos para pessoas que não eram da área de TI, eram complexos e para mim pareciam óbvios!
Segui carreira e tive uma grande oportunidade de aprendizado, desenvolver emissores de Nota Fiscal Eletrônica de produtos e serviços (Isso me ajuda muito até hoje). Para isso, aprendi Java, conheci o modelo SOA, WebServices, WSDL, XML, Metadata, protocolo SOAP e vários outros conceitos inerentes ao modelo SOA e as regras de negócio de uma NF. Outra vez estava diante de muitas novidades, certo? Sim, porém apesar de algumas dificuldades aqui e ali, ainda sim eu conseguia aprender e desenvolver muito mais rápido.
Ufa, até que enfim chegamos ao objetivo do título. O artigo ficou um pouco grande então muito obrigado pelo seu tempo dedicado. Poderia passar mais alguns parágrafos contando de mais algumas coisas que fiz, estudei e/ou experimentei na minha jornada até aqui, mas acho que não é necessário, você já entendeu como foi meu progresso. Estudava o conceito e tentava aplicar, simples assim.
Um belo dia, iniciando um novo estudo de alguns assuntos que estavam na hype, comecei listar os tópicos e traçar um paralelo com algo que eu já conhecia, para facilitar o progresso e focar no que eu ainda não sabia. Foi ai que eu consegui responder aquela pergunta que eu me fiz lá na faculdade ainda, lembra? Por que algumas coisas parecem óbvias para mim? Por que parece que eu aprendo mais rápido?
Percebi que eu conseguia abstrair conceitos e associá-los com algo parecido que eu já havia estudado em algum momento da vida. Note que eu escrevi conceitos e é aí que eu entendo ser o diferencial. Aprender fazer, normalmente é mais fácil do que aprender porque fazer!
Quando você entende porque fazer algo, isso se torna um modelo de resolução de problema na sua mochila e toda vez que você encontrar um problema parecido, bingo, você se lembra do modelo de resolução e aplica-o novamente adequando-o a situação. Duvida? Se eu te falar que eu tenho um parafuso Philips para apertar, qual chave você me recomendaria? Philips ou fenda? Alguns fazem gambiarras (risos), mas a ferramenta adequada seria a chave Philips, correto? E se eu não tiver uma chave Philips, mas tiver uma parafusadeira elétrica? Ainda sim, vou precisar de uma ponteira Philips para resolver meu problema. A ferramenta mudou, mas o problema continua sendo resolvido da mesma forma, ou seja, adequamos a situação da ferramenta, mas o modelo de resolução é o mesmo.
Quando entendi a quantidade de coisas que eu poderia resolver e o quanto isso me economizaria tempo em novos aprendizados, apenas estudando os conceitos e guardando-os na "mochila", me apaixonei ainda mais por estudar, conhecer novas coisas, por me desenvolver diariamente e continuamente, então, #EstudandoSempre!
Top comments (2)
Oi Valdir, concordo plenamente!!
Nunca vou esquecer, na faculdade, o professor disse que cobol é para carreira bancária.
Eu gosto deste curso: bit.ly/cobolrockjeh
Oi Jessica, muito obrigado pelo comentário! É verdade o COBOL no Brasil principalmente foi e é muito utilizado nos bancos, mas grande empresas que começaram o desenvolvimento dos seus sistemas próprios lá trás ainda possuem muita coisa rodando COBOL em mainframes. Obrigado por ter lido artigo.